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Publicado em 10/08/2016 às 17:03 - Autor:

Para jornais europeus, julgamento final de Dilma ocorre sob bases frágeis

Por 59 votos contra 21, o Senado brasileiro decidiu nesta quarta-feira (10) submeter a presidente afastada, Dilma Rousseff, ao julgamento final do processo de impeachment.

O site do jornal francês Le Monde lembra que o resultado era esperado. “A votação de hoje era considerada uma simples formalidade pelos dois campos; os partidários da presidente de esquerda e seus adversários, que apoiam o presidente interino, Michel Temer. O capítulo final dessa longa novela política deve acontecer no dia 25 de agosto, após o encerramento dos Jogos Olímpicos”, escreve o Monde.

Em editorial, o jornal católico La Croix relata que “Dilma nega ter cometido qualquer crime de responsabilidade e denuncia um golpe de Estado institucional planejado por Temer e a direita brasileira”. Do ponto de vista estritamente jurídico, afirma o diário francês, o Ministério Público Federal deu parcialmente razão à presidente, ao estimar que as operações de repasses de recursos não constituem crimes”. Segundo La Croix, a acusação, que já era frágil, fica restrita à assinatura de alguns decretos litigiosos.”Na verdade, é um processo político contra uma presidente fragilizada pela explosão de sua base parlamentar após a crise política iniciada no ano passado”, conclui La Croix.

A edição em português do espanhol El País destaca em manchete que Dilma se torna ré no processo de impeachment e “está iniciada a contagem regressiva para que a petista perca seu mandato”. Para El País, o fato é que as questões jurídicas ficaram em segundo plano e o que prevaleceu nessa penúltima fase do processo de impeachment foi a questão política, assim como ocorreu no início do processo na Câmara dos Deputados”.

Imprensa portuguesa cita defesa de Sanders

O jornal português O Público diz que o propósito da decisão do Senado é agilizar o processo para que esteja concluído antes da viagem de Temer à reunião do G20, que acontece nos dias 4 e 5 de setembro, em Hangzhou, na China.

A publicação portuguesa também assinala que o processo contra Dilma é criticado pelo senador norte-americano Bernie Sanders, que perdeu as primárias para Hillary Clinton, nos Estados Unidos. O político democrata afirmou na segunda-feira (8) que está “profundamente preocupado com o esforço atual para remover a presidente democraticamente eleita do Brasil”. Sanders aponta que “o esforço para remover a presidente não é um julgamento legal, mas político”. O Público reproduz um trecho da nota divulgada por Sanders, que pede a intervenção dos EUA. “Os Estados Unidos não podem se manter em silêncio enquanto as instituições democráticas de um dos nossos aliados mais importantes são minadas”, cita o jornal.

The Guardian ainda vê futuro incerto

No Reino Unido, o jornal The Guardian afirma que a incerteza sobre o futuro político do Brasil tem dificultado “os esforços de Temer para erradicar uma crise fiscal herdada de Rousseff”. “O ex-vice-presidente conservador pediu aos senadores para encerrar o julgamento rapidamente, para que ele possa avançar com reformas para limitar os gastos públicos e reformular um sistema de pensões excessivamente generosas”, diz o jornal britânico.

A reportagem ressalta, por outro lado, que Temer já perdeu três ministros acusados de corrupção. O interino, descrito pelo Guardian como “bom para o meio empresarial”, “pode ser implicado em financiamento ilegal de campanha, de acordo com trechos de depoimentos de Marcelo Odebrecht divulgados pela imprensa brasileira no último fim de semana”, encerra The Guardian.

Dilma prometeu apresentar nos próximos dias uma carta em sua defesa.

RFI/MSN.

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