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Publicado em 14/02/2018 às 8:39 - Autor:

No 1º ano da 23 de Maio no carnaval de rua, G1 lista o que funcionou e o que precisa melhorar

Apesar do sucesso de público, evento falhou em segurança e na sinalização. Prefeitura diz que local está sendo monitorado e os ajustes necessários, efetuados.

Por Daniel Médici, Tais Laporta, Carolina Dantas e Helton Simões Gomes, G1 SP

O fechamento da Avenida 23 de Maio para desfile de grandes blocos foi uma das grandes novidades do carnaval de rua de São Paulo deste ano. Entre domingo (11) e terça-feira (13), os únicos veículos que circularam pela via eram os trios carnavalescos.

G1 cobriu os principais blocos nos três dias na via (uma das mais importantes da cidade, que faz parte do corredor que liga as zonas Sul e Norte), e listou os prós e contras.

Segundo a Prefeitura, “por serem os primeiros desfiles, o local está sendo monitorado e os ajustes necessários, efetuados”. Esses ajustes poderão ser aplicados no sábado (17), quando a avenida é fechada novamente para o desfile de dois grandes blocos: o Baiana System e o Largadinho.

Confira abaixo o que deu certo, o que funcionou em parte e o que não funcionou nos desfiles na 23 de Maio:

O QUE DEU CERTO

Acesso do público

Avenida 23 de Maio é aprovada como espaço de carnaval

Avenida 23 de Maio é aprovada como espaço de carnaval

Apesar da quantidade de público, os acessos para a avenida foram organizados. Havia filas para chegar aos blocos, mas nada que prejudicasse as vias ao redor. Até o final do percurso, a avenida estava cheia.

O evento foi considerado sucesso de público, reunindo 1,2 milhão de foliões apenas no domingo, segundo a Prefeitura.

Interdições ao trânsito

Antes do início dos blocos, durante a manhã, houve pouco movimento nas ruas do entorno, e os moradores da região aproveitaram a pista livre para caminhar, pedalar e andar de skate.

Durante a folia, muitos agentes de trânsito controlaram o tráfego e a passagem dos pedestres perto dos semáforos. O acesso à entrada mais próxima da estação Paraíso do Metrô foi fechado no final da tarde de domingo para evitar tumulto.

Barreiras nos viadutos

A Prefeitura colocou barreiras que cobriram a vista da 23 de Maio nos viadutos que cruzam a avenida, para evitar acidentes com foliões. A ação se mostrou sensata, devido ao grande volume de pessoas na tarde de domingo (11).

Trio elétrico com corda

O trio do Pinga Ni Mim colocou uma corda ao redor do local onde ficaram convidados dos organizadores. Diversas vezes a multidão tentou passar, mas os seguranças conseguiram manter a civilidade.

FUNCIONOU EM PARTE

Pontos para carregar celular

O serviço funcionou, mesmo com alguns deles danificados. Mesmo assim, muita gente teve medo de carregar, já que o espaço era aberto para quem quisesse entrar.

Preservação de monumentos

Vândalos depredam prédios e patrimônio na Avenida 23 de Maio

Vândalos depredam prédios e patrimônio na Avenida 23 de Maio

No primeiro dia de desfile, no domingo, houve depredação. O problema foi resolvido com o posicionamento de tapumes de metal ao redor.

Comércio

No domingo, os comerciantes ficaram perto da mureta central, o que prejudicou o trânsito dos foliões. Os vendedores também presenciaram tentativas de invasões e, para tentar evitar isso, colocaram barreiras com caixas e isopor no meio do caminho. A situação melhorou nos outros dias, quando as barracas foram encostadas no paredão.

NÃO FUNCIONOU

Organização das pistas

A ideia de deixar uma pista livre para a passagem dos trios elétricos e outra para vendedores e apoio não levou em conta que a maioria das pessoas quer ficar ao lado do bloco – e os vendedores querem estar o mais perto possível dos consumidores.

No início do desfile, o Domingo Ela Não Vai teve de pedir para que os vendedores saíssem da frente do bloco, ameaçando não sair enquanto isso não acontecesse. Até o fim do percurso, guarda-sóis amarelos eram vistos na frente do caminhão.

O mais grave foi a falta de mobilidade das ambulâncias. Já no domingo, a reportagem flagrou duas ambulâncias tendo de abrir caminho em meio aos foliões para passar, uma imagem pouco vista em outras áreas de desfile, como o Centro.

Na segunda-feira isso melhorou. As grades que formam o corredor de serviço, espaço reservado para a passagem de ambulâncias e carros de polícia, foram colocadas mais para trás. O Corpo de Bombeiros conseguiu transportar quem estava passando mal no meio da multidão.

Na terça, porém, ambulâncias tiveram dificuldade em circular e passaram entre os foliões em dois momentos diferentes: no início da tarde (veja vídeo abaixo) e durante desfile do bloco Agrada Gregos (na foto acima).

Ambulância passa em meio a foliões na 23 de Maio durante bloco

Ambulância passa em meio a foliões na 23 de Maio durante bloco

Segurança

As revistas nos bloqueios funcionaram durante os momentos com menos movimento, mas foram prejudicadas durante a tarde, dado o volume de gente. Nesses horários de pico, os funcionários só estavam preocupados em barrar garrafas de vidro.

Apesar de haver alguns postos da Polícia Militar ao longo da avenida, um repórter do G1 flagrou um grupo com uma faca e houve relato de ao menos um arrastão.

Dois blocos que desfilaram na via, o Desmanche e o Chá Rouge, acabaram se encontrando. Quem estava por lá conta que a polícia jogou spray de pimenta para dispersar a multidão.

Em nota, a Prefeitura afirma que não teve “conhecimento de ocorrências graves”. “Os seguranças contratados pela empresa parceira são orientados a não permitir a entrada com objetos cortantes, especialmente vidro.”

No quesito integridade aos foliões, um galho grande caiu em cima de uma mulher que acompanhava o desfile do bloco Desmanche. Ela foi socorrida por foliões e não precisou de atendimento médico.

Amigos e foliões socorrem jovem que foi atingida por queda de um troco de uma árvore  (Foto: Tais Laporta/G1)Amigos e foliões socorrem jovem que foi atingida por queda de um troco de uma árvore  (Foto: Tais Laporta/G1)

Amigos e foliões socorrem jovem que foi atingida por queda de um troco de uma árvore (Foto: Tais Laporta/G1)

Lotação

Com a superlotação da avenida perto dos trios elétricos, foliões tentaram pular o muro que divide as duas pistas. As coberturas de pontos de ônibus também foram usadas como “arquibancada”.

Sinalização

Foliões reclamaram da falta de sinalização para encontrar a saída da avenida. Um grande fluxo de pessoas não encontrava a saída e não havia placas para indicar o início e o fim do bloco.

O QUE DIZ A PREFEITURA

Em nota, a Prefeitura afirma que, “por serem os primeiros desfiles, o local está sendo monitorado e os ajustes necessários efetuados”. Entre as melhoras, ela aponta, por exemplo, “o remanejamento do corredor de serviços, bem como as barracas de alimentação”.

Veja a íntegra da nota abaixo:

O primeiro Carnaval de Rua na Avenida 23 de Maio foi um sucesso de público e organização. Quase dois milhões de pessoas passaram pela via domingo e segunda-feira. Por serem os primeiros desfiles, o local está sendo monitorado e os ajustes necessários efetuados, por exemplo, o remanejamento do corredor de serviços, bem como as barracas de alimentação. Para auxiliar na dispersão, o palco do Anhangabaú recebe shows a partir das 18h.

Não temos conhecimento de ocorrências graves. Os seguranças contratados pela empresa parceira são orientados a não permitir a entrada com objetos cortantes, especialmente vidro.

Vale ressaltar o apoio dos próprios blocos que divulgam informações para os foliões e auxiliam as equipes operacionais durante os desfiles.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de São Paulo esclarece que todo plano operacional envolvendo os desfiles de blocos de rua na cidade de São Paulo foram elaborados conjuntamente pela coordenação do Samu-SP em articulação direta com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), tendo sido estabelecido estratégias e rotas de fuga das ambulâncias das áreas dos blocos e de acessos aos hospitais públicos e privados nas regiões dos desfiles, sem qualquer prejuízo ao público geral e moradores do entorno.

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