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Publicado em 19/07/2016 às 13:32 - Autor:

Leila Cordeiro publicou no Facebook uma tocante declaração de amor a Eliakim Araújo, morto no domingo

A notícia da morte do jornalista, divulgada no domingo (17), comoveu quem cresceu nos anos 80 e deixou perguntas sobre como vivia uma das duplas de apresentadores mais populares da época.

Leila e Eliakim moravam na Flórida, Estados Unidos, onde ele tratava um câncer no pâncreas, doença diagnosticada há cerca de um mês. Ele não resistiu a um tratamento de quimioterapia, iniciado há cerca de um mês. O casal trabalhava em um canal de notícias local.

No Facebook, Leila publicou um post sobre sua relação com Eliakim emocionando seus seguidores.  Uma verdadeira declaração de amor.

Leia a íntegra:

“Há 45 dias abandonei minhas postagens aqui no Facebook para lutar na pior batalha de nossas vidas, contra um câncer inesperado que surgiu avassalador no pâncreas do Eliakim , com metástase para o fígado e vias biliares. Começava ali a guerra. Ele me pediu para manter a doença fora das páginas de sites e jornais, pois ele acreditava que iria sair dessa e que voltaria a aparecer saudável como antes.

Foram muitos exames, resultados desesperadores e altos e baixos na saúde dele. Ao começar a quimioterapia também vieram os efeitos colaterais, mas o importante é que ele sempre acreditou, até o último instante, que ficaria curado. Jamais deixei que ele perdesse a esperança, mesmo quando ele parecia perdê-la. Jamais deixei de estar ao lado dele um segundo sequer. Abandonei a minha vida para salvar a dele, ou pelo menos , tentar prolongá-la.

Foram os piores 45 dias da minha vida. Parecia que um tsunami tinha passado em cima da gente. Mas em nenhum momento nos revoltamos contra a situação. Afinal, não podíamos perder tempo com sentimentos negativos. Meu consolo é que o nosso amor foi ainda mais consolidado nesse período de aflição. Todos os dias trocávamos palavras de carinho e fazíamos planos para o futuro. Eu sabia que eles não iriam acontecer, mas jamais deixei que ele descobrisse isso.

Foi tudo muito rápido. Entre idas e vindas ao hospital, onde foi transferido três vezes para a UTI. Mas na última vez, ele não conseguiu voltar para casa. Neste último sábado passei o dia inteiro com ele no hospital, o que aliás era minha rotina, mas foi diferente. Senti de alguma maneira que ele estava indo embora. Tirei a aliança da mão dele que começava a ficar inchada e disse que a penduraria no meu cordão, pois mais tarde quando ele voltasse pra casa eu o pediria em casamento de novo.

Infelizmente, na madrugada de domingo aconteceu o que todos nós temíamos. Ele começou a passar mal no quarto do hospital e foi logo transferido para a UTI para respirar por aparelhos. Por incrível que pareça, ele não entrou em coma, foi sedado, mas para surpresa das enfermeiras ele tentou arrancar o tubo de respiração duas vezes. Elas desesperadas colocaram de novo o equipamento mas não conseguiram sedá-lo. Aí, surgiu a dúvida se ele queria arrancar porque estava desistindo da vida ou simplesmente porque o tal tubo o estava incomodando. Não pensamos duas vezes, Ana nossa filha e eu, perguntamos a ele ainda nos seus últimos momentos de lucidez se ele queria que mantivéssemos o tubo e ele respondeu com um tímido movimento afirmativo de cabeça. Perguntamos se ele queria lutar mais pra ficar mais tempo entre nós, e ele novamente afirmou com um balanço ainda mais devagar de cabeça dizendo que sim.

Por isso, o mantivemos entubado até o seu último suspiro de luta pela vida. Ali pudemos nos despedir dele. A enfermeira disse que o nosso querido estava nos ouvindo ainda.Por isso, nos demos as mãos, nossos filhos Alexandre, Frederico, Ana , Lucas e eu, e cada um se despediu dele à sua maneira. Sempre despejando sobre o nosso Eliakim todo o amor que sentimos por ele. E assim ele se foi. Ouvimos o silêncio do bip da máquina, o silêncio da vida de Eliakim Araujo, que terminou como começou, cercado de muito amor e carinho.

Eis aqui a nossa história. Infelizmente bem diferente daquela que vivemos intensamente nesses 32 anos, mas assim mesmo, vitoriosa. Afinal, ele não chegou a sentir os efeitos totais e devastadores dessa terrível doença. Ele se foi tendo sofrido um pouco, mas não a ponto de perder a esperança de sobreviver.

Queridos amigos, está difícil viver sem ele, muito difícil. É como se eu tivesse perdido a metade do meu corpo. Mas vou recuperá-lo em homenagem ao meu amor. Fiquei muito feliz e tenho certeza de que ele também ao ver aqui e em outras redes sociais tantas homenagens, tantas palavras de amor, respeito e amizade por ele. Muito obrigada a todos por tudo.

Estou com a alma lavada ao ver o reconhecimento do público a esse grande homem e profissional. Obrigada aos amigos, à família pelo apoio e principalmente ao Fantastic 4, o quarteto dos irmãos que tem estado comigo o tempo todo.

Hoje temos uma tarefa terrível. Encomendar a cremação do corpo de Eliakim. (ô coisa difícil de dizer!!!!!). Não faremos velório de corpo presente. Ele detestaria isso. Me dizia que não queria que as pessoas o vissem tão debilitado. Por isso, a cerimônia em homenagem a ele será na beira da praia de Fort Lauderdale, onde vivemos durante dois anos e meio uma fase de sonho, talvez um presente de Deus ao nosso guerreiro, como se o estivesse preparando para o adeus dessa vida.

Um pequeno grupo formado pelos filhos e amigos, vamos jogar suas cinzas no mar, vestidos de branco, cada um com a oração e a mensagem que queira enviar ao nosso Eliakim, com bolas brancas que levarão cada pedacinho do nosso grande amor até a eternidade. Estou chorando muito ao escrever isso, mas ao mesmo tempo estou me consolando por ver que todo esse nosso imenso amor gerou frutos e viralizou, inundando corações e mentes, para provar que o amor pode tudo, até suportar uma separação inesperada e dolorida. Sei que continuamos juntos e assim estaremos para sempre. Meu amor, tudo isso foi pra você!!!”

Fonte: Veja SP/MSN.

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